RH Estratégico # 1 - Aplicação de metodologias Adaptativas em Recursos Humanos

O mundo do trabalho vem passando por modificações constantes nos últimos anos. Velhos paradigmas são ultrapassados e um novo tipo de relação entre empregadores e empregados vem se construindo ao longo das últimas duas décadas. Até pouco tempo atrás, uma carreira no ambiente corporativo tinha um limite de idade para o ingresso e saída dos recursos. Hoje, no mesmo ambiente de trabalho, convivem pessoas de diversas gerações, desde os Boomers (nascidos entre 1945 e 1965) até os Centennials (nascidos entre 1995 e 2010). Além disso a área de Recursos Humanos cada vez mais tem de lidar com o desafio de tratar com o recurso mais valioso da empresa: o ser humano. Os colaboradores passam a ser vistos como recursos estratégicos, que devem ter uma série de competências necessárias ao negócio (de acordo com o relatório de Perspectivas para o Mercado de Trabalho de 2022 (LATAM) da Michael Page, as principais competências buscadas pelas empresas são: capacidade de adaptação, pensamento criativo, trabalho em equipe, inteligência emocional). Por outro lado, as pessoas que se qualificam para o mercado de trabalho têm perspectivas de retorno completamente diferentes das de alguns anos atrás (de acordo com o mesmo relatório da Michael Page, os profissionais buscam principalmente, empresas que ofereçam horário flexível, treinamento interno, política de home office flexível, plano de saúde, outros benefícios e bônus). A remuneração salarial deixou de ser o benefício mais importante para os profissionais.

Inserido em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), o RH tem de lidar com o fato de que a principal mudança que ocorreu dentro das empresas não foi apenas estrutural, mas sim uma mudança na forma de pensar e de se relacionar das pessoas.

Portanto, o RH se torna cada vez mais estratégico para empresa, com uma série de atividades que permitam embarcar os profissionais adequados, trazendo engajamento e estímulo aos colaboradores, formando lideranças e fortalecendo a cultura organizacional e a visão da empresa.

Para isso o RH precisa estar preparado metodologicamente para realizar seus objetivos e entregar valor para a empresa. As metodologias adaptativas, ou ágeis, podem auxiliar nessa formação de um novo RH. Através de ferramentas como Scrum, Kanban, Design Thinking, entre outras, a área pode se tornar mais estratégica, focando nas pessoas, identificando mais rapidamente problemas, se tornando mais flexível, mais produtiva, reduzindo custos operacionais e aumentando a experiência do colaborador.

O problema que será analisado nesta série de artigos é como, dentro do mercado disruptivo atual, principalmente após a pandemia do Covid-19, as organizações estão desenvolvendo estratégias de RH que possam antecipar as transformações iminentes, romper com paradigmas antigos e adaptar-se rapidamente, a fim de evitar tornarem-se obsoletas e menos competitivas. Nesse contexto, o desafio primordial e fundamental reside no aspecto humano. John P. Kotter já afirmou, que o cerne da questão nunca se encontra na estratégia, estrutura, cultura ou sistemas, mas sim na maneira de alterar o comportamento das pessoas. Para atender essa necessidade de mudança, os autores pesquisados propõem a adoção da noção de agilidade também na gestão estratégica de pessoas.

Dentro das empresas, a transformação mais significativa, além da estrutural, ocorreu na mentalidade e nas interações. A cultura corporativa e os padrões de comportamento impactaram o papel dos colaboradores, e a gestão deles assumiu abordagens inovadoras. A terceirização de processos mais operacionais (folha de pagamento e controle do dia a dia principalmente), fez com que a área de Gestão de Pessoas se tornasse mais estratégica. Ao enxergar os colaboradores como parceiros de negócio, é responsabilidade da área de Gestão de Pessoas criar ambientes organizacionais que promovam o desenvolvimento em níveis estruturais, organizacionais, culturais e comportamentais. Dessa forma, é possível aumentar o bem-estar e a produtividade.

Essa grande transformação da área de RH faz com que esta busque uma maior capacidade de adaptação, se alinhando com mais rapidez e eficiência a estratégia da empresa, gerando valor ao negócio. Essa transformação passa por: compreender a situação atual e identificar as causas fundamentais dos problemas; estabelecer metas de aprimoramento, com indicadores e objetivos numéricos; definir, de forma colaborativa, a meta desejada a médio prazo; elaborar um plano de ação; realizar um ciclo contínuo de revisão ao atingir a meta, sempre com foco em novas melhorias.

Porém, como atingir essas metas dentro de uma realidade VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), sem que a área mude sua estratégia e passe a agir de forma mais ágil, no curto prazo, se adaptando a essa volatilidade e gerando valor?

A proposta dessa série de artigos é apresentar como a metodologia ágil e suas ferramentas podem ajudar nessa transformação, adotando os valores e princípios dessa metodologia, explorando em mais detalhes o impacto da agilidade no processo de Recrutamento e Seleção. Os artigos abordarão também as principais ferramentas adaptativas e como elas se inserem nas atividades de RH.